Iniciativa derruba mito de que veículos elétricos não podem ser usados em viagens, sejam elas curtas ou longas

Há quem ainda diga que carros elétricos não são adequados para viajar, especialmente por longas distâncias, por questões envolvendo autonomia e dificuldade para se encontrar carregadores fora das grandes metrópoles. O Use Elétrico, em uma iniciativa pioneira no Brasil, acaba de provar que isto é uma inverdade.
A reportagem viajou com um carro 100% elétrico por cinco mil quilômetros em três países da América do Sul durante 11 dias, em um roteiro de ida e volta de São Paulo a Buenos Aires, na Argentina, sem enfrentar nenhum problema sério.
A viagem ocorreu em ambiente de uso 100% real e prático, ou seja, sem nenhum outro carro de apoio ou presença de equipe especializada. O carro não tinha qualquer preparação especial e transportou por todo o trajeto duas pessoas mais bagagens.
O veículo foi um e-tron S Sportback 2021/2022, gentilmente cedido pela Audi do Brasil, na cor Azul Navarra (devidamente apelidado Trovão Azul). A saída de São Paulo ocorreu em uma sexta-feira, 13 de maio, com chegada em Buenos Aires no dia 18 de maio e retorno a São Paulo em 24 de maio.

Ao todo foram realizados 27 carregamentos da bateria do e-tron em 23 equipamentos, uma média de 185 quilômetros percorridos por parada. Esta média poderia ter sido bem maior, dada a autonomia do veículo (380 km), porém um dos objetivos da viagem foi também conhecer e checar o funcionamento do maior número possível de carregadores ao longo do trajeto, e daí este resultado.
O carregamento mais rápido ocorreu no Posto Petrosimon, em Maracajá, SC, com 25 minutos para a bateria ir de 75% a 100% da carga em um equipamento rápido de 50 kW. O mais demorado foi no Hotel Jacques Georges Tower, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, 14 horas para ir de 10% a 100% em um carregador portátil de 7 kW.

O tempo médio de carregamento foi de 146 minutos, ou duas horas e 26 minutos.
Um ponto interessante é que dos 27 carregamentos a grande maioria, 16, foi realizada em postos de combustíveis, locais onde o motorista pararia normalmente para abastecer um veículo a combustão e que conta com lojas de conveniência e restaurantes, no caso das estradas. Seis recargas foram realizadas em shopping centers ou restaurantes e duas em hotéis, durante a pernoite de estadia. Em apenas três casos não havia estrutura presente no local de carregamento além dos equipamentos.
As cidades onde ocorreram os carregamentos foram, pela ordem: Registro (SP), Curitiba (PR), Balneário Camboriú (SC), Porto Belo (SC), Laguna (SC), Maracajá (SC), Torres (RS), Porto Alegre (RS), Pelotas (RS), Chuy (URU), Punta del Este (URU), Las Toscas (URU), Colonia del Sacramento (URU), Buenos Aires (ARG), Gualeguaychú (ARG), Fray Bentos (URU), Paysandú (URU), Tacuarembó (URU), Rivera (URU), Santa Maria (RS), Santa Cruz do Sul (RS), Joinville (SC) e Cajati (SP). Apenas os equipamentos de Porto Belo, Maracajá, Porto Alegre e Buenos Aires foram usados mais de uma vez (duas cada).

Todos os carregadores utilizados durante a viagem, sem exceção, apresentaram funcionamento correto e sem quaisquer problemas ou dificuldades técnicas. Em alguns deles foi exigido um cartão ou uso de aplicativo de celular para liberação da recarga. No Brasil e na Argentina todas as recargas foram gratuitas, enquanto no Uruguai o carregamento foi cobrado (o total foi de 2.502 Pesos Uruguaios, equivalente a cerca de R$ 300, por oito recargas).
No Uruguai cerca de 40% dos carregadores utilizados não possuía cabo para conectar o equipamento ao veículo, uma característica semelhante à encontrada no mercado europeu. Ciente deste fato a saída da reportagem do Brasil já contou com um cabo adequado ao e-tron (tipo 2) para esta eventualidade, gentilmente cedido pela empresa GreenV.
O único incidente mais sério registrado em toda a viagem foi um pneu furado em Buenos Aires, vítima de um grande prego, possivelmente oriundo da região portuária da cidade, percorrida após a travessia a partir de Colonia del Sacramento em balsa do Colônia Express. O pneu foi reparado na Audi Service Espasa Exclusivos, na mesma Buenos Aires, em uma tarde.

As melhores estradas (e também com os pedágios mais baratos) foram as uruguaias, em excelente estado de conservação mesmo que praticamente em sua totalidade de mão dupla, além de donas do cenário mais belo do roteiro. As estradas brasileiras e argentinas se equivaleram com estado de conservação médio, mas ainda aceitável, com ondulações em boa parte do trajeto porém sem grandes buracos. O pedágio mais caro foi pago no Brasil, no estado de São Paulo.
Ao todo foram exatos 4.864 quilômetros percorridos, com média de 64 km/h e 76 horas ao volante.
Uma característica notável do e-tron foi, além do desempenho empolgante, da autonomia coerente com seu porte e peso e da plena confiabilidade, o seu conforto acústico, característica comum a todos os elétricos. Ao longo de toda a viagem o único som no interior do veículo foi o rodar dos pneus no asfalto e a música no rádio, fazendo assim com que as distâncias fossem percorridas de forma muito mais confortável e menos desgastante. O torque instantâneo também foi grande aliado em situações de ultrapassagem. Não restou a menor dúvida de que nestes dois pontos viajar com um carro elétrico é muito melhor do que em um carro a combustão.

O ‘Trovão Azul’ chamou a atenção por onde passou, e ao longo da viagem centenas de pessoas fizeram perguntas sobre o veículo e tiraram fotos, nos três países. As dúvidas mais comuns foram relacionadas à autonomia e aos espelhos retrovisores, que funcionam por câmeras: além de aumentarem a segurança, pois contam com sofisticados sistemas de identificação e alerta da presença de outros veículos ao redor, contribuem para a aerodinâmica, reduzindo o arrasto e consequentemente o consumo de energia.
Em resumo tratou-se de uma viagem absolutamente tranquila, agradável e prazerosa, ainda que um pouco cansativa dado o curto espaço de tempo em que foi realizada. Mas, de forma até surpreendente, se deu de forma muito fácil.
Todo o trajeto foi documentado via Instagram, no perfil do Use Elétrico (@useeletrico). Para acompanhar o dia-a-dia da jornada desde a saída até o retorno a São Paulo basta acessar os destaques, as bolinhas posicionadas em cima das fotos do perfil, nomeadas SP a BAires, de 1 a 5.

Com essa iniciativa o Use Elétrico está certo de ter derrubado o mito de que carros elétricos não podem ser utilizados em viagens e que há dificuldade em encontrar carregadores ao longo do trajeto, seja ele qual for.
Ficou evidente a necessidade de um roteiro prévio (o que seria necessário igualmente fosse a viagem realizada em um veículo a combustão) e a utilização de aplicativos para facilitar a localização dos pontos de carregamento e calcular a distância entre eles. A reportagem utilizou os apps PlugShare, EDP EV.Charge BR, Eletroposto Fácil, Eletroposto Celesc, UTE Mueve (Uruguai), Google Maps e Waze, todos gratuitos e de fácil e simples utilização.
O Use Elétrico aproveita para agradecer os parceiros e as pessoas que ajudaram a tornar essa viagem uma realidade: Audi, Bruno Palos, Cláudio Rawicz, Danielle Ritton, Eduardo Paredes, GreenV, Junior Miranda, Koichiro Matsuo, Pablo Altier Lopez, Priscila Fabi, Rafael Fiuza, Roberto Valota e Vinícius Romero.

Muito bem.
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Que viagem maravilhosa! Parabéns pelo trabalho muito sucesso e prosperidade.
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Muito feliz com o histórico
Tenho um C-40
Elétrico ⚡️ é 1000%
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Traz novo ânimo à aquisição de um eletrico. Grande ajuda.
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