Em sua quinta geração, SUV foi lançado em Araxá, MG

Lançado na última quinta-feira (28/7) em Araxá, Minas Gerais, a quinta geração do Kia Sportage já havia aportado no Brasil um pouco antes, diretamente da Eslováquia. José Luiz Gandini, presidente da Kia do Brasil, não quis esperar o evento (que ‘casou’ com o Brazil Classics Show, tradicional exposição de carros antigos patrocinada neste ano pela própria Kia) e mandou o primeiro lote de 250 unidades direto para a rede. Resultado: praticamente todas foram vendidas antes do lançamento oficial.
O Sportage não é pouca coisa no universo Kia: ele é o produto mais importante da marca (ou seja, o mais vendido) tanto aqui quanto na Coréia do Sul. E por isso é extremamente representativo que ele chegue agora como um híbrido leve, ou MHEV — lembrando que o modelo já foi, por aqui, diesel e depois flex.
É bem verdade que ele não inaugurou a eletrificação da Kia no Brasil, papel que coube ao SUV compacto Stonic no fim do ano passado. Mas ele, agora, mostra o peso desta iniciativa sem volta. Perguntado se a intenção é ver a linha completa da Kia no Brasil eletrificada, Gandini responde sem titubear: “Sem dúvida.”
Nesse sentido um passo ainda mais largo será dado em setembro, com o lançamento de outro SUV, o inédito Niro, e no ano que vem, com outro SUV, esse maior, a nova geração do Sorento, ambos com tecnologia híbrida tradicional ou até mesmo plug-in. A única exceção poderá ser a nova geração do sedã Cerato, que talvez desembarque no Brasil inicialmente apenas com motor a combustão turbo, pois segundo Gandini a versão híbrida do modelo “ainda não está pronta”.
Ainda sobre o novo Sportage a expectativa da Kia é vender 250 unidades por mês, número que pode chegar a 400/mês se o pedido de mais unidades para o mercado nacional for atendido pela fábrica da Eslováquia.
O modelo, ante a geração 4, ganhou mais 59 litros de capacidade no porta-malas (cresceu de 503 para 562 litros) e viu seu Cx ser reduzido de 0,35 para 0,31. A plataforma é inteiramente nova, a N3, nascida para eletrificação (pode-se esperar um Sportage 100% elétrico, portanto). O conjunto mecânico une um motor a combustão a gasolina 1,6 litro 16V turbo gasolina DOHC com injeção direta a motor elétrico alimentado por baterias de 48V que ‘ajuda’ a empurrar o SUV de quase 1.600 quilos ladeiras acima – o conjunto total tem 180 cv e o câmbio é automático de sete marchas. O preço é de R$ 225 mil a versão EX e R$ 260 mil a EX Prestige, e o estilo é ousado e chama a atenção por onde passa.
Na estrada
A reportagem do Use Elétrico teve a oportunidade de realizar um longo test-drive com os dois híbridos leves da Kia já à venda no Brasil. Primeiro foram 590 quilômetros de São Paulo a Araxá de Stonic e a volta, de Araxá a São Paulo, na mesma distância, com o novo Sportage.

O Stonic MHEV é equipado com motor 1.0 turbo três cilindros gasolina com injeção direta e sistema híbrido 48V, de 118 cv. Seu porte é semelhante ao de um Ecosport, ainda que seja bem melhor em acabamento que o finado Ford. Na estrada mostrou-se agradavelmente disposto e confortável, com bom isolamento acústico. Muito interessante é a função Velejar, que ativa-se ao retirar o pé do acelerador em um trecho plano ou descida leve: os motores são 100% desligados e o carro segue em uma espécie de banguela eletrônica, aproveitando a inércia para economizar combustível. Ao fim dos quase 600 km o Stonic registrou o bom consumo de 16,6 km/l. Não tivesse o carro vindo de Itu, SP (sede da Kia) até São Paulo antes de partir para Araxá seria possível ir até a cidade mineira sem abastecer, tranquilamente.
Na volta o Sportage mostrou excelentes predicados, como fôlego vigoroso na estrada, similar a um modelo com motorização térmica 2 litros, bem como acabamento primoroso e um moderno sistema multimídia integrado ao painel em uma só tela, ligeiramente curva, de belo efeito. Destaque para os comandos centrais, que não só são sensíveis ao toque como se transformam — no mesmo espaço ora podem funcionar para os comandos do ar-condicionado ora para a central multimídia, ação que se estende aos botões físicos: o da esquerda controla a temperatura para o motorista e se transforma em volume do rádio.
Dignos de nota os sistemas de condução e assistência ao condutor, como frenagem automática de emergência e piloto automático adaptativo. Destaque para o mesmo Velejar do Stonic e Stop&Go estendido, que já desliga o carro na aproximação de semáforos quando abaixo de 40 km/h.
E palmas para bem bolada tecnologia que mostra no painel digital imagem de câmeras instaladas nos retrovisores externos: ao se dar seta à esquerda a imagem substitui o velocímetro e à direita o conta-giros, com excelente resolução. Com o tempo, é possível se habituar a não olhar mais para fora, mas sim para o painel no momento de mudar de faixa. O único senão é que o painel digital não permite variar as visualizações dos instrumentos e o grafismo imitando caracteres digitais é pouco atraente.
Na chegada a São Paulo o Sportage MHEV registrou um decepcionante consumo de 9,1 km/l, possível fruto de uma gasolina de qualidade duvidosa no abastecimento antes da partida em Araxá ou da juvenilidade do motor, com menos de 1.000 km rodados.
Tanto na ida quanto na volta a condição dos veículos no teste de consumo foi de dois ocupantes mais duas malas médias de bagagem e ar-condicionado ligado em 100% do trajeto.
