Stellantis produzirá carros híbridos leves com tecnologia flex fuel no Brasil

Montadora aposta em uma transição mais lenta até os elétricos no mercado nacional

João Irineu, da Stellantis América do Sul

A Stellantis está decidida: seu plano de eletrificação para a América do Sul terá como ação principal a produção local de modelos híbridos com motor flex fuel – com busca interligada de formas para estimular o consumidor a sempre utilizá-los com etanol. Os modelos 100% elétricos ficarão, assim, para uma etapa seguinte.

Esse movimento é extremamente relevante para o mercado nacional, pois a Stellantis é um conglomerado que, por aqui, representa hoje praticamente um terço de todas as vendas de automóveis e comerciais leves no País, quando somados os resultados de suas marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM no acumulado de 2022 até outubro, segundo dados da Fenabrave.

Quando uma gigante deste porte se move em uma direção clara, tende a fazer com que a concorrência também defina seus rumos – andar no mesmo sentido, como parece ser o caso da VW, ou na direção totalmente oposta, como é o caso da GM, que já declarou que quer dar um salto direto para os elétricos aqui.

Essa situação acaba por se reproduzir também nos outros mercados da região, uma vez que a Stellantis é líder em vendas na América do Sul – é a primeira do ranking também na Argentina, com mais de 31% de mercado, e do Chile, com 12%.

Finalmente, este movimento também representa uma espécie de carta de alforria da Stellantis América do Sul. A decisão de concentrar todos os esforços em eletrificação nos híbridos flex foi uma decisão local, apoiada pelo CEO global Carlos Tavares após ouvir os argumentos da diretoria da região. Ou seja: pela primeira vez na história da indústria automobilística nacional a região tem não só plena autonomia para tomar uma decisão estratégica deste tamanho como irá em sentido diferente da matriz, envolvida até o pescoço com os modelos 100% elétricos na Europa e Estados Unidos.

Em suma, isso significa que nos próximos anos o consumidor brasileiro (e sul-americano) terá oferta de todos os tipos de hibridização em todos os modelos da montadora, ou seja, de um subcompacto como o Mobi híbrido leve (MHEV) até um Jeep Commander híbrido plug-in (PHEV), passando por modelos intermediários como um Citroën C4 Cactus híbrido (HEV), hipoteticamente falando. Tudo com motor flex e produção nacional ou, no máximo, regional.

Ou seja: a grande novidade aqui é a revelação de que a Stellantis também terá híbridos leves flex, informação até então desconhecida.

João Irineu, diretor de compliance de produto da Stellantis, explica que a empresa não quer passar direto para os elétricos por duas razões principais: manter o parque industrial automotivo nacional operante – em particular os fornecedores e usando tecnologia nacional –, e tornar a eletrificação viável ao consumidor em termos de preço de aquisição.

“Temos que ser responsáveis ambientalmente, socialmente e economicamente. Vou citar um exemplo: nos anos 90 houve a chegada ao Brasil da injeção eletrônica, uma nova tecnologia. Enquanto outras montadoras colocaram o sistema em seus carros mais caros, quase inacessíveis, a Fiat colocou no Uno.”

Em números, isso significa que a meta com que a Stellantis trabalha hoje é que em 2030 no mínimo 20% das vendas no Brasil e na América do Sul sejam de modelos eletrificados, principalmente PHEV e HEV – na Europa o índice será de 100% elétricos e nos Estados Unidos 50% elétricos.

E quando somados os MHEVs, o índice de eletrificados Stellantis vendidos no Brasil em 2030 deverá ultrapassar os 40%.

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