Artigo: A melhor coisa sobre os carros elétricos que ninguém ainda percebeu

Uma triste tradição nacional finalmente terá fim com a popularização dos EVs

Se você já tem carro há vários anos tenho certeza que, assim como eu, já passou pela situação de seu veículo apresentar um defeito no motor, do mais simples ao mais complexo, e o mecânico dar o seguinte veredito: combustível adulterado.

Como essa é uma questão muito vasta (e vá lembrar ou imaginar onde foi que podemos ter abastecido com o tal combustível adulterado), acaba por se tornar também uma bela muleta para quase que a maioria dos problemas nos motores dos automóveis de hoje. Dos mecânicos de concessionárias aos de bairro do interior, de falhas intermitentes no funcionamento até uma parada total, quase tudo entra na bacia da “gasolina adulterada”. Não que a possível causa não seja de fato essa, mas como é difícil questionar tal conclusão o consumidor fica praticamente de mãos atadas, quase obrigado a aceitar defeito e orçamento — e ainda se sente o culpado pela situação.

Não quero generalizar, mas um número gigantesco de postos (especialmente em épocas como a atual, com os preços dos combustíveis lá em cima) costuma pregar golpes no consumidor. O combustível adulterado, algo praticamente impossível de ser percebido pelo consumidor comum, é o mais usual.

Segundo o ICL (Instituto Combustível Legal) desde outubro de 2021 equipes do Ipem-SP fiscalizaram 129 postos nas cidades de São Paulo, Araçatuba, Campinas, Guarujá, Jundiaí, Santos, Osasco, Praia Grande, Registro, Santo André, São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São José do Rio Preto e Taboão da Serra. Resultado: 66 estabelecimentos apresentaram irregularidades. É mais da metade — um número altíssimo e inaceitável.

Também segundo o ICL 600 milhões de litros de combustível foram retirados da irregularidade do mercado nacional nos últimos dois anos. E o resto? Foi parar nos tanques dos carros.

Para não alongar demais não vou falar de outros golpes aplicados em postos, como o de adulterar a bomba para entrar menos combustível do que o indicado, ou do desvio para um galão quando o motorista não está prestando atenção no abastecimento. E muito menos que esse tipo de coisa acontece há décadas e décadas sem uma resolução definitiva.

Resumindo, a notícia que trago é que não existe energia elétrica adulterada. Pois é. Quando você ‘abastece’ um carro elétrico você sabe que está entrando na bateria 100% de energia, algo que não ocorre com segurança quando o caso é com gasolina ou álcool. Pode estar passando por aquela mangueira do posto para dentro do seu carro coisas indesejáveis como água, solventes, metanol…

E se por acaso você estiver pagando pela recarga de um carro elétrico, sabe que está desembolsando o valor exato pelo que recebeu. Nada a mais, nada a menos.

Em suma, o carro elétrico é a solução para exterminar a comum e abominável prática de adulteração de combustíveis no Brasil. Já que as autoridades pouco ou nada fizeram para acabar com esse crime ao longo de tantos e tantos anos, a tecnologia foi lá e resolveu.

Como é que nunca ninguém percebeu isso antes? ⚡🔌🔋

Marcos Rozen é jornalista automotivo profissional há mais de 20 anos e editor-chefe do site Use Elétrico. Já pagou por consertos causados por “gasolina adulterada” quatro vezes.

4 comentários

  1. O cenário atual está fortalecendo com energias renováveis, e que serão mais limpa a energia no abastecimento, e que podemos devolver na rede elétrica a excedente comodities em custo de contrato. Parabéns pela matéria @marcosrozen, abs.

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  2. Lembrando que vai acabar com a função do profissional “frentista”, o próprio consumidor final consegui dar o suporte de engatar o plugin charger electric.

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