Anfavea, Abeifa e Abravei comentam nova regra de autonomia no BR

Das três associações uma apoia, uma é neutra e outra crítica

A definição pelo Inmetro da nova regra para informação da autonomia declarada de veículos elétricos e híbridos no Brasil, que prevê um desconto de 30% ante o resultado em quilômetros obtido em laboratório, continua a render repercussões.

O Use Elétrico conversou com dirigentes de três associações do setor automotivo do país para conhecer o posicionamento de cada uma a respeito deste tema.

Confira:

Anfavea

Henry Joseph Junior

A Anfavea, associação que representa as montadoras no Brasil, afirmou ser favorável à medida.

Segundo Henry Joseph Junior, diretor técnico da associação, “a Anfavea não só concorda como participou ativamente de todos os debates com o Inmetro para chegar a esse sistema com deságio de 30%, algo que já ocorre, por exemplo, nos Estados Unidos”.

O dirigente acrescentou ainda que a nova regra já vinha sendo debatida há algum tempo, mas que as discussões envolvendo os veículos híbridos — dado o “lado” combustão destes modelos — acabaram por alongar o periodo da definição de uma regra nacional, que então acabou por entrar em vigor a partir deste janeiro.

Abeifa

João Henrique de Oliveira

Já a Abeifa, associação que representa principalmente as importadoras de veículos no Brasil, adotou uma posição neutra.

João Henrique Garbin de Oliveira, presidente da Abeifa, afirmou ao Use Elétrico que “até agora todas as marcas divulgavam as informações relativas à autonomia de seus modelos híbridos e elétricos baseadas na legislação que existe em suas matrizes. Assim as marcas europeias utilizavam o WLTP, as americanas o EPA etc., porque não havia uma regra local estabelecida, um padrão brasileiro. As marcas estavam aguardando a definição do Inmetro”.

“Agora foi definida a regra e as marcas estão se adaptando e começando a divulgar seus números de acordo com essa regra local. É basicamente uma questão de fazer com que os números reflitam o que foi estabelecido. Não há nada muito além disso”, completou.

O dirigente acrescentou ainda que as marcas associadas à Abeifa foram pioneiras em trazer carros elétricos para o Brasil, e que “os consumidores que desejarem conhecer essa relação de autonomia, potência e consumo dos elétricos na prática podem procurar uma das marcas associadas, pois certamente terão uma experiência muito interessante com o produto”.

Abravei

Rogério Markiewicz

Já a Abravei, associação que representa os proprietários de carros elétricos no Brasil, demonstrou insatisfação com a nova regra.

Rogério Markiewicz, presidente da Abravei, entende que o ideal seria que a nova regra “buscasse estimular a direção eficiente e o efeito educativo, fazendo com que o motorista tentasse sempre alcançar a melhor autonomia indicada, que mesmo em testes de laboratório já é conservadora”.

No entanto, afirma o dirigente, a regra como foi estabelecida, com o redutor de 30% ante o resultado obtido em laboratório, “acaba por punir o carro e a nova tecnologia, aumentando a ansiedade de autonomia no consumidor”.

Na opinião de Rogério o redutor de 30% não deveria existir. “Vamos pegar o exemplo de quando os carros passaram a ser produzidos a álcool. Foi necessária uma adaptação do consumidor: maior consumo, menor autonomia, necessário aguardar o carro esquentar… Isso fazia parte da transição. Da mesma forma agora a regra deveria refletir uma adaptação, e não uma penalização.”

Ao Use Elétrico o presidente da Abravei também demonstrou preocupação com possíveis reflexos no mercado de elétricos. “Neste momento há muita desinformação. Algumas montadoras estão trabalhando com a nova regra e outras ainda não. Estamos falando de um segmento novo, e isso confunde o consumidor, gera insegurança e afeta o mercado.”

O dirigente ainda revelou com exclusividade à reportagem que a Abravei, em uma iniciativa inédita, decidiu criar uma plataforma onde serão apresentados números reais de consumo e autonomia dos veículos dos associados, apontando e considerando diversos fatores que influenciam mais os modelos elétricos, como velocidade média, condução em cidade ou estrada, número de passageiros, pressão dos pneus e até temperatura ambiente. Será uma reunião relevante de dados, pois a plataforma mostrará a utilização dos EVs no território e nas condições brasileiras em grande escala.

Rodrigo de Almeida, vice-presidente da Abravei, explica que a ideia é “contribuir com o mercado e a sociedade” para oferecer mais parâmetros com relação à autonomia dos veículos elétricos no Brasil. Para ele, “mesmo sem uma condução voltada à economia, no uso prático os elétricos conseguem obter resultados de autonomia muito maiores do que os que estão sendo divulgados agora pela nova regra”.

A plataforma deve entrar no ar no mês que vem, segundo Rodrigo.

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