AEA diz que foi pega de surpresa por nova regulamentação do Inmetro

Marcus Vinicius Aguiar, novo presidente da associação, vai buscar diálogo com o instituto

Marcus Vinicius Aguiar

O novo presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), Marcus Vinicius Aguiar, foi bastante transparente ao comentar, a pedido do Use Elétrico, a nova regulamentação do Inmetro para publicação da autonomia declarada de modelos elétricos e híbridos no Brasil, válida desde 1º. de janeiro, que inclui um desconto de 30% nos resultados de laboratório, durante coletiva à imprensa realizada ontem (1/2) em São Paulo.

 “Fomos pegos de surpresa”, revelou o dirigente.

A declaração apenas corrobora o que a reportagem afirma desde que o caso veio à tona, em 24 de janeiro: muita gente dentro da indústria, não só nas montadoras como também nas associações de classe do setor automotivo, simplesmente desconhecia a determinação do Inmetro – um claro indício de que no mínimo falta de comunicação sobre o tema certamente houve.

O Use Elétrico pode afirmar que ao menos um presidente de uma grande montadora instalada no Brasil também desconhecia o fato, que certamente trará impacto nas estratégias comerciais e de treinamento da equipe de vendas e da rede de concessionárias para as montadoras que comercializam veículos elétricos e híbridos plug-in por aqui.

No caso da AEA, entretanto, esse desconhecimento é ainda mais revelador, pois a associação funciona exatamente como um centro catalisador de decisões e soluções técnicas que envolvem a engenharia automotiva nacional – e isso é assim há mais de três décadas. “Somos uma associação neutra, que colabora com órgãos governamentais na elaboração de normas, regulamentos, pareceres, laudos e estudos dentro de aspectos puramente técnicos”, explica Aguiar, que também é diretor de relações institucionais e governamentais da Renault do Brasil.

Assim sendo a AEA atua em parceria com diversos órgãos como ABNT, ANP, Cetesb, Denatran, Ibama, IBP, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e, sim, também o próprio Inmetro. Na lista de associadas há montadoras, fornecedores de inúmeros materiais diretos e indiretos e até mesmo outras associações.

O novo dirigente da AEA (ele assumiu em janeiro, sucedendo a Besaliel Botelho, da Bosch) afirmou ainda que a associação procurará o Inmetro para “discutir e tentar compreender” a nova regra estabelecida, inclusive o índice de 30% utilizado como deflator.

Aguiar ainda explicou que vai esperar a formação da nova liderança do instituto, que será renovada, para iniciar as conversas.

O presidente do Inmetro, o coronel do Exército Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior, foi exonerado do cargo em 1º. de janeiro. Ele assumiu o posto em fevereiro de 2020, sucedendo a Angela Flores Furtado, que estava no cargo desde 2019.

Na época a troca foi ordenada pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro. Poucos dias antes da mudança ele afirmou: “Implodi o Inmetro. Implodi. Mandei todo mundo embora”. A declaração foi dada em fevereiro de 2020, motivada por novas regulamentações de taxímetros e tacógrafos estabelecidas pelo instituto. “Não temos de atrapalhar a vida dos outros. É facilitar a vida de quem produz. Os novos taxímetros, faça diferente. Os novos tacógrafos, tudo bem. Agora, tirar do pessoal, mandar trocar, não. Vai ter de implodir, cortar a cabeça de todo mundo”, complementou o então presidente naquela ocasião.

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