Vendas no mês passado equivalem ao volume total de 2018

O mercado brasileiro de veículos eletrificados iniciou o ano com números extremamente positivos. Segundo dados da Anfavea divulgados nesta terça-feira (7/2) no mês de janeiro a participação de mercado dos modelos eletrificados (elétricos + híbridos) no mercado chegou a 3,5%, uma fatia bastante representativa.
Como referência, no total do ano passado a participação dos eletrificados nas vendas no Brasil ficou em 2,5%.
Além disso até hoje apenas uma vez os eletrificados haviam ultrapassado a barreira mensal de 3% de mercado, em setembro de 2022 (3,6%). Naquela ocasião, porém, houve um movimento de antecipação de emplacamentos de modelos eletrificados por parte de várias montadoras para buscar atender metas de melhoria de eficiência energética, cujo cálculo se encerrava naquele mês. Foi um movimento artificial, portanto, diferente do observado neste janeiro, que representou uma tendência natural de mercado.
Também como referência, esses 3,5% de mercado significam que se os eletrificados fossem uma montadora ela estaria no oitavo lugar do ranking de vendas de automóveis e comerciais leves do mês, com volume maior do que Nissan (3,1%), Honda (2,5%), Citroën (1,5%), Peugeot (1,3%), Ford (1,1%), Caoa Chery (1%), Mitsubishi (0,9%) e outras, segundo informações da Fenabrave.
De acordo com os dados da Anfavea, isoladamente a participação dos híbridos nas vendas no mês passado foi de 2,9%, novo recorde – o índice é melhor inclusive do que o de setembro de 2022 (2,8%). Já os elétricos ficaram com 0,6% de mercado, terceiro melhor resultado da história, atrás somente de setembro de 2022 (0,8%) e junho de 2022 (0,7%).
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, lembrou durante coletiva de imprensa que apenas o volume de vendas de eletrificados de janeiro deste ano (4,5 mil unidades) já é maior do que todas as vendas registradas no país no segmento em 2018 (4 mil). “O setor comemora esse crescimento e este volume, que já é considerável”, afirmou o dirigente.
Imposto de importação
O presidente da Anfavea foi perguntado quanto à defesa da associação pelo fim da isenção do imposto de importação para veículos elétricos no Brasil. “A Anfavea defende a produção local. Gostaríamos de ter produção local também para essas novas tecnologias. Em termos de alíquota entendemos que os elétricos devem pagar a mesma que os demais, ou seja, 35%. Não estamos dizendo que isso deva acontecer hoje, ou em julho. O que estamos dizendo é que não existe um prazo estabelecido para essa alíquota zero de importação de elétricos, e isso pode inibir investimentos para produção local dessa tecnologia. O que queremos é previsibilidade para que as montadoras possam decidir por investimentos nessa área, do contrário esse investimento acabará indo para outros países.”
Em outro momento Márcio de Lima Leite afirmou que “o maior desafio da Anfavea com relação aos elétricos é avançar na infraestrutura necessária, para que esse mercado possa crescer ainda mais, alçando volumes que justifiquem produção local”.
30% de elétricos
Ainda durante a coletiva o presidente da Anfavea apresentou uma estatística interessante: segundo seus cálculos a frota nacional é de 44 milhões de veículos, sendo 40 milhões de veículos flex. “Como nos postos de combustível o etanol representa 30% das vendas, olhando em termos de emissões, de descarbonização, é como se já tivéssemos, hoje, o equivalente a 8 milhões de elétricos em circulação no Brasil.”
Segundo o dirigente isso significa que “o Brasil é o país mais avançado do mundo em descarbonização. Quanto tempo vão levar os outros países para alcançar 30% da frota de veículos elétricos? Isso é um motivo de orgulho para nós, é algo extraordinário”.