Iniciativa deve ficar por conta da rede Graal, que só agora busca parceiro

É um fato já sacramentado: a CPFL não vai instalar novos carregadores rápidos no lugar dos equipamentos recentemente retirados – sem aviso – dos Graal 67 e 56, no sistema Anhanguera-Bandeirantes no trecho entre São Paulo e Campinas.
Estes eletropostos faziam parte do primeiro corredor rodoviário para veículos elétricos do País, inaugurado oficialmente em 2017.
Agora os motoristas que vêm no sentido Campinas-São Paulo tanto pela Anhanguera quanto pela Bandeirantes não têm nenhum carregador rápido à disposição nas duas rodovias. Já quem vem no sentido São Paulo-Campinas tem apenas um, no posto Campeão, no Km 28 da Rodovia dos Bandeirantes, logo após a saída da Capital, da Vibra-Ezvolt.
Em nota enviada ao Use Elétrico, a CPFL afirmou que “a instalação dos carregadores elétricos na Rede Graal fez parte do Programa de Mobilidade Elétrica da empresa – Emotive, por meio de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) iniciado em 2013 e concluído em 2018. O objetivo foi estudar os impactos da utilização deste tipo de veículo no sistema elétrico e os hábitos de consumo de seus usuários. Assim como a instalação dos eletropostos Graal 56 e 67, o projeto disponibilizou 14 veículos elétricos (fomentando variados perfis de uso) e outras 23 estações de recargas na região de Campinas, entre locais públicos e privados”.
Prossegue o comunicado oficial dizendo que “com o encerramento da pesquisa, a Rede Graal e a CPFL, em uma decisão conjunta, mantiveram os eletropostos, visando o bem-estar e o atendimento aos consumidores. Contudo, a retirada dos equipamentos já era prevista ao término de sua vida útil. Passados 5 anos do encerramento do projeto, os carregadores já não estavam operando em sua total capacidade e qualidade, contribuindo para a decisão de sua remoção, realizada em abril de 2023”.
Ainda de acordo com a CPFL, “a finalização deste projeto deu lugar a uma nova fase no programa de P&D da empresa, que está em andamento. A CPFL agora busca estudar modelos de negócios relacionados à mobilidade elétrica no Brasil, o que inclui estudar tipos de tarifas, formas de cobrança e buscando aprimoramentos regulatórios e legais. O piloto vai acontecer em Campinas, ainda este ano”.
A empresa conclui dizendo ser “importante ressaltar que os projetos de pesquisa e desenvolvimento realizados por concessionárias de energia são financiados com recursos do programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e desenvolvidos a partir das regras estabelecidas pelo órgão regulador. Todas as informações sobre o programa são públicas e estão disponíveis no site da Aneel para consulta”.
Ou seja: a CPFL vai investir, agora, em um projeto piloto somente na cidade de Campinas para carregamento de veículos elétricos, abandonando o sistema Anhanguera-Bandeirantes.
Esse, entretanto, pode não ser o fim da linha para motoristas de EVs que passam pelos Graal 56 e 67. A própria Rede Graal informou que está “trocando de fornecedor” e que a reinstalação dos carregadores deve acontecer “em breve”. Acompanharemos.
A reportagem do Use Elétrico procurou também a CCR AutoBan, concessionária que administra as duas rodovias, mas não obteve qualquer retorno.
ABRAVEI
O Use Elétrico ouviu também a ABRAVEI, Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores, sobre o caso.
Em nota, a associação considerou que “o Projeto Emotive, da CPFL, foi o primeiro a colocar carregadores rápidos nas estradas — justamente os carregadores que agora foram removidos. Quando isso aconteceu, existiam menos de 200 veículos puramente elétricos nas ruas do país. Hoje, já estamos próximos de 20 mil. Se o Emotive foi saudado com grande entusiasmo pelos usuários pioneiros de veículos elétricos do Brasil, ele sai de cena melancolicamente, em um desfecho já esperado, visto que ambos os carregadores já estavam sem manutenção há muito tempo e um deles, o do Grall 67, na Anhanguera, estava inoperante há alguns meses. A ABRAVEI até se ofereceu, sem sucesso, para assumir a manutenção dos equipamentos caso eles fossem doados à associação”.

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