Bolt EUV chega no Brasil com um recorde mundial e uma frustração

Decisão da matriz atrapalha planos da unidade brasileira

Preço competitivo, recorde mundial de autonomia, versão inédita e plano de financiamento especial, com parcela ‘balão’ e garantia de recompra. Tudo pareceria perfeito para a aguardada chegada do Bolt EUV no Brasil – mas só pareceria.

A verdade é que a General Motors do Brasil tinha enormes expectativas com o Bolt EUV, um carro aparentemente perfeito para popularizar mais os elétricos Chevrolet no mercado nacional: carroceria tipo SUV, boa autonomia, preço razoável, tamanho bom, uma massa crítica interessante de fãs locais do modelo, uma rede de quase 80 concessionárias prontas para vendê-lo e para prover sua assistência técnica… mas uma decisão da matriz colocou tudo isso abaixo. Há poucos dias veio o anúncio de encerramento da produção do Bolt nos Estados Unidos no fim deste ano. A razão: sua linha de produção será usada para fabricar picapes elétricas, ainda mais rentáveis e desejadas (por lá).

E assim aquela tremenda expectativa acabou por se tornar somente um lote de 200 unidades a serem vendidas aqui – e nada mais. E, de quebra, também o fim da importação do Bolt EV.

É uma pancada forte nos planos da GMB, que previa chegar a 2024 com três SUVs 100% elétricos no Brasil, tendo justamente o Bolt EUV como modelo de entrada, o Equinox EV como intermediário e a Blazer EV como topo de linha. Agora serão só os dois últimos, obviamente mais caros, por serem maiores e mais avançados, baseados na plataforma mais recente da GM para elétricos.

Assim será fundamental, agora, encontrar um substituto para o Bolt EUV como modelo de entrada se a Chevrolet realmente quiser – como já disse que deseja – liderar a eletrificação veicular no Brasil, abrindo mão para isso inclusive dos híbridos.

R$ 50 mil a menos

O Bolt EUV, apesar de um pouco maior do que o Bolt EV, custa R$ 50 mil a menos – R$ 280 mil ante R$ 330 mil. O enxugamento no valor é necessário mesmo para um lote magro de 200 unidades: com seu preço atual o Bolt EV vendeu apenas 10 unidades em 2022 (a partir de setembro) e míseras 22 neste ano, até abril. Isso mesmo com o modelo contando com um plano de financiamento especial e exclusivo, sem parcelas mensais (entrada a partir de 50% e o saldo quitado em duas vezes, sendo 25% no 12º. mês e os 25% restantes ao final do contrato, no 24º. mês).

E para tentar quebrar a forte barreira de vender um modelo cujo fim da produção já foi anunciado a GM anunciou outro plano especial de financiamento para o Bolt EUV. Uma opção é dar 60% do valor do veículo como entrada mais 24 parcelas intermediárias de R$ 3.369 e uma parcela final de 20% do valor total. Mas a entrada mínima pode ser de 30% do valor do veículo, com 48 parcelas mais a final. Essa última, porém, pode ser ‘empurrada para frente’ trocando-se o carro por outro elétrico 0 KM Chevrolet, sendo que o usado é recomprado pela concessionária com base na Tabela Fipe.

A oferta é válida tanto para pessoa física quanto jurídica e, pelos cálculos de Rafael Santos, diretor geral de vendas da GM América do Sul, “quando comparamos o custo de propriedade do Bolt EUV com um SUV a combustão igualmente equipado de valor aproximado vemos que o custo médio mensal durante um período total de propriedade de quatro anos é bem menor, quando somamos as economias com custo de manutenção reduzido, gastos menores com energia comparado com combustível, além de descontos em impostos e liberação de rodízio, principalmente em cidades como São Paulo. A mesma equação ainda é favorável quando a comparação é feita com SUVs híbridos”.

O comprador do Bolt EUV ainda ganhará participação no chamado Clube My EV, com direito a atendimento personalizado do EV Concierge, prioridade na pré-venda do Equinox EV e Blazer EV em 2024, três anos de revisão programada, dois anos de Chevrolet Road Service – incluindo serviço porta-a-porta para revisões –, um ano de serviço OnStar com Wi-Fi e um ano de mensalidade do Sem Parar.

Sobre o carro em si o Bolt EUV tem o mesmo pacote do EV, com motor elétrico de 203 cv de potência e torque instantâneo de 36,7 kgfm, 0 a 100 km/h em 7,7 segundos, bateria de 66 kW e alcance de 377 km no ciclo PBEV (456 km no WLTP e 397 km no EPA). A versão é única, com 10 airbags, alerta de colisão com frenagem automática de emergência, controle de cruzeiro adaptativo, câmeras 360 graus para manobras, volante e bancos com aquecimento, sistema de áudio Bose e teto solar panorâmico.

A maior diferença para o Bolt EV está mesmo nas dimensões: no comprimento total são 4.306 mm contra 4.145 mm, na largura 1.770 mm para 1.765 mm, altura total (com o rack de teto) 1.616 mm ante 1.594 mm e no entreeixos 2.675 mm versus 2.600 mm. O EVU assim é também mais pesado (1.711 kg para 1.641 kg). Apesar de ganhar em todos os quesitos de tamanho o Bolt EUV tem porta-malas menor do que o do EV: são 462 litros ante 478 litros.

Falando ainda em Bolt EV, é de se esperar uma queda no valor pedido atualmente pelo modelo (R$ 330 mil), para encerrar o lote de unidades disponíveis na rede, já que o modelo não será mais importado e o valor do EUV (R$ 280 mil) inviabilizaria qualquer negócio com o modelo. Quem estiver em vias de adquirir um, portanto, tem a extrema recomendação de esperar mais um pouquinho para fechar o negócio.

O recorde

O Bolt EUV quebrou ontem (9/5) o recorde mundial de autonomia para um veículo elétrico ao percorrer exatos 901,8 quilômetros com uma única carga completa da bateria. A prova durou 28 horas e 30 minutos e foi realizada no Campo de Provas da GM em Indaiatuba, SP. O recorde anterior, obtido na Alemanha, era de 754,9 km, com um Opel Ampera EV em 2017.

Ao todo mais de 70 pessoas, entre jornalistas, influenciadores, clientes, concessionários, parceiros e colaboradores da GM, revezaram-se ao volante das três unidades do Bolt EUV participantes da ação, que foi promovida na pista circular do complexo, com 4,3 km de distância e que simula uma reta plana infinita. Por sorte ou destino o editor do Use Elétrico, Marcos Rozen, estava ao volante de um dos veículos quando o recorde foi quebrado, alcançando naquele momento os 755 quilômetros percorridos.

O Instituto Mauá foi o responsável pela auditoria do recorde, que, obviamente, aconteceu em circunstâncias muito particulares e diferentes do uso real: os modelos circularam exatamente a 35 km/h, ponto calculado pelos engenheiros da GM como o de máxima eficiência energética do carro; sistemas de conforto e conveniência como ar-condicionado estavam desligados, e evitou-se até usar os controles elétricos de ajuste do banco do motorista para poupar o máximo de energia possível para as baterias. Além disso a pista circular é totalmente plana e a temperatura ambiente, por volta de 25 graus e sem vento, ajudou.

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