Bosch cria tecnologia que mostra emissão de CO2 de veículos em tempo real

Sistema pode ser usado até em carros já fabricados

Gastón Diaz Perez, CEO e presidente da Robert Bosch América Latina

Seria possível que um carro, da mesma forma que já mostra ao seu motorista o consumo de combustível – tanto instantâneo quanto médio –, pudesse exibir também o quanto de CO2 está sendo emitido naquele momento ou durante um determinado percurso? E, mais, que fizesse uma comparação entre vários combustíveis e tecnologias, tanto a combustão quanto elétrica?

Bem, a partir de agora a resposta é sim. A Bosch brasileira desenvolveu este sistema e já o está oferecendo aos seus clientes (montadoras e frotistas). O objetivo principal é demonstrar ao motorista, usuário ou até ao administrador de frota a variação entre combustíveis a partir do sistema flex fuel e até sua equivalência perante o elétrico, considerando um cálculo ‘do poço à roda’ – já que os BEVs não emitem nem CO2 nem qualquer outro poluente durante o uso.

Em uma demonstração prática apresentada à imprensa especializada nesta quinta-feira (18/5) na fábrica de Campinas, SP, um veículo VW Polo rodou dez quilômetros na pista de teste do complexo 100% abastecido com etanol. O sistema mostrou que a emissão foi equivalente a 0,49 kg de CO2; se o combustível utilizado tivesse sido 100% gasolina a emissão teria sido de 1,28 kg. Um elétrico com matriz energética europeia teria emitido no mesmo trajeto (sempre utilizando a métrica do poço à roda) 0,50 kg e um elétrico com matriz energética brasileira 0,17 kg.

Para tornar a percepção da diferença de emissões de CO2 do etanol para a gasolina mais visível, o sistema apresenta uma forma lúdica de fazer esta comparação: mostra a equivalência do que deixou de ser emitido em árvores plantadas. No exemplo foram 39 árvores por ano (ou seja, o total caso esse trajeto de 10 km fosse percorrido da mesma forma durante um ano).

Um outro exemplo apresentado pela empresa trouxe um trajeto percorrido maior, de 26,6 km. Nesse caso a emissão de CO2 com etanol foi de 1,30 kg, sendo que com gasolina teria sido de 3,40 kg – uma redução de 62%.

Para Gastón Diaz Perez, CEO e presidente da Robert Bosch América Latina, “não se trata, aqui, de comparar elétrico com etanol ou vice-versa. O que queremos enfatizar com esse sistema é a comparação do etanol com a gasolina, e seu impacto na frota que já existe hoje, circulando. Podemos reduzir 2/3 das emissões agora, instantaneamente, apenas trocando um combustível pelo outro”.

Para o executivo o motorista, usuário ou administrador de frota brasileiro ainda não compreende a fundo a vantagem do uso do etanol, falando especificamente em termos de emissões, em veículos com sistema flex fuel (que já somam mais de 40 milhões rodando hoje no País). E, entende Perez, isso não se deve exclusivamente a uma questão meramente econômica, do preço de um combustível ante o outro. “Somos [como brasileiros] muito ruins de marketing. Se o flex fuel fosse uma invenção alemã todo mundo na Alemanha só usaria etanol”, exemplifica.

O sistema da Bosch, assim, procura externar de forma clara a vantagem ambiental do uso do etanol, oferecendo dados concretos para análise e comparação. A tecnologia, batizada CO2 Tracking, pode ser aplicada tanto em veículos flex fuel já fabricados e atualmente em circulação quanto em novos.

No caso dos mais antigos, a leitura dos dados pode ser realizada a partir da conexão de um pequeno equipamento telemático na entrada OBD2 e de um app para smartphone. No caso dos novos as informações podem até ser exibidas no sistema multimídia do veículo, caso a montadora que adquira a tecnologia da Bosch assim o deseje, bastando para isso apenas um desenvolvimento específico a partir da tecnologia já desenvolvida.

O presidente da Bosch acrescenta que “nossa visão é que o motor a combustão continuará nos próximos anos e o Brasil poderá ser o primeiro país no mundo a atingir as metas de descarbonização com a priorização do abastecimento com etanol. Isso abre possibilidades de que a região se fortaleça como um centro de competência global de sistemas e componentes, permitindo trazer negócios adicionais de exportação”.

Isso não significa, entretanto, que a Bosch está reticente com relação à produção local de veículos elétricos ou eletrificados: segundo Perez a empresa deve iniciar já no ano que vem a fabricação no Brasil do módulo eletrônico de controle de veículos híbridos flex, uma espécie de evolução da ECU veicular dos modelos exclusivamente a combustão.

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